terça-feira, 10 de maio de 2011

A massa e a revolução







Michel Maffessoli: intelectual que cunhou o termo "tribos urbanas"
A análise de massa pelos intelectuais quase sempre é acompanhada de uma desconfiança natural com relação ao bom senso popular, tudo porque a massa ou o povo se ocupa sem preocupação daquilo que o cerca, sem ter a noção do que está além de seus círculos sociais. Todavia, não se pode definir o povo por esses conceitos errôneos.

O sociólogo francês Michel Maffessoli entende que esse conceito surge porque a massa foge do padrão de medidas estatísticasúmerosiçamento de pessoas que n perfil e o comportamento desse pcoesso de compra.
 sentirem-se incluis, por que acerquem sua comprovação com base em números. Daí, o sentido muitas vezes preconceituoso de que a massa é alienada, enfim, um grande agrupamento de pessoas que não se “enquadra” em fáceis definições, e sem fáceis definições, estereótipos ou rótulos, fica mais difícil entende-la.

O sociólogo destaca que tudo aquilo que é da ordem heterogênea e de complexibilidade extrema repugna os burocratas do saber, por não ser de fácil medição. Contudo, inquieta os burocratas do poder, isso porque uma massa não homogênea é mais difícil de controlar.

Como entender a massa?

Com a Revolução Francesa que eclodiu em 1789, ocorre uma transformação radical na vida política, bem como no papel do intelectual que é chamado a representar nela. Dessa forma, a política se torna base de qualquer pensamento social dos séculos XIX e XX. Hoje, é quase impossível compreender tudo que ultrapassa esse universo de sentidos, onde o povo e a idéia de massa são objetos de domínios reservados.

Não há como compreender o popular tentando-o submeter às linhas desconexas, que não se interligam, ou que estejam desvinculadas entre si. Esse ideal de projeto se reduz em parâmetros difusos porque não há como estabelecer o povo sem mergulhar na sua complexidade de signos. A massa é informe. Composta de ideais construtivas ou idéias alienantes; posições generosas e mesquinhas, ou seja, o povo é um organismo tomado de sentidos contraditórios.

Greve de 1917 em Porto Alegre: como prever e controlar a ação política da massa?


No passado os estudiosos delegavam poucos esforços na pesquisa com os povos das aldeias, hoje quando estas se multiplicam com suas características próprias nas grandes cidades, por exemplo, é necessário investigar esses pequenos universos para compreender o saber local daquele território. Esse saber, aliado a outros saberes de outros territórios, configura o entendimento da vida atual de nossas sociedades cada vez mais voláteis em identidades. É dessa forma que o estar junto é ressaltado.

Revoluções do cotidiano: culpa da massa

Mafessoli aponta que a história nomeia os grandes movimentos através dos tempos com pessoas específicas, mas além desses “heróis” construídos, a massa é que dinamiza a mudança político e social. Seja na revolução Francesa de 1789, como nas revoluções do Oriente Médio do começo do ano e que irromperam através da mobilização de comunicação alternativa realizada por internautas.


Liberdade: o pedido árabe é o mesmo de outros tempos

Em relação à contracultura do final dos anos 60, podem-se comparar as ações de revolta contra as ditaduras árabes pela mesma tônica de mudança, alteração do sistema político trazida pela influência de produtos culturais à margem e que ganham “espaço” e “voz” graças à tecnologia. A única diferença é que o cerceamento à informação e o pouco acesso a uma tecnologia como a atual - em que cada indivíduo torna-se um mensageiro em larga escala pelas redes sociais – “barrou” revoltas em países como os da América Latina nos tempos da ditadura. Hoje, sem a Guerra Fria, as ditaduras do Oriente Médio acabaram tornando-se um engodo para países como os EUA que por tanto tempo apoiou os regimes totalitários. A questão é que a “primavera árabe” nasceu a partir da energia da massa e do uso da tecnologia como instrumento de subversão.

Isso porque a internet possibilita a união de vozes de regiões distintas em cultura, mas que se encontram num mesmo universo de interesses e desejos. A manifestação de interesses não “institucionalizados” pelos aparelhos de controle e repressão, emerge de grupos que se proliferam em tentáculos virtuais, logo se manifestam no campo do “real”, o que determina novas formas de ação contra o poder. Portanto, qualquer forma de censura e controle, pode ser corrompido pela tecnologia que não altera a consciência das pessoas, mas apenas reforça a revitalização de uma cultura marginal, contrária a algo “oficial”. É essa “energia de massa”, plenamente orgânica, que a história comprova através dos tempos. Isso porque um grupo de pessoas que influe contra um mesmo objetivo, busca, na verdade, um ideal de sinergia em que todos os indivíduos possam fundir-se em um só “corpo”, porém mantendo sua própria autonomia dos demais grupos.

A revolução social causada pela massa árabe redefinirá o mundo

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