sexta-feira, 8 de abril de 2011

Anvil: ética e honestidade profissional em documentário

            Recentemente eu vi o documentário Anvil – The Story of Anvil (2009) e posso garantir que a experiência foi fantástica não apenas por eu ser um apreciador de rock e heavy metal, mas porque o filme fez com que eu refletisse sobre vários aspectos, inclusive os de ordem pessoal.
            O filme do diretor Sacha Gervasi aborda a história da banda canadense de heavy metal Anvil que foi uma das grandes influências de ícones do estilo como o Metallica, porém a tônica da obra é registrar o dia-a-dia de um grupo que por mais de trinta anos tenta o sucesso e não consegue, além de passar por maus bocados em sua trajetória.
É comovente ver a batalha dos músicos que sobrevivem com outros empregos e não desistem dos sonhos de um dia tornarem-se “astros do rock”. Mesmo com famílias para sustentarem, eles seguem os seus ideais de forma autêntica e ética e não mudam seu posicionamento quanto à banda. Ou seja, não desistem dos seus sonhos, mesmo que quase sempre se dêem mal na busca por eles.
            O mais importante do documentário é essa lição: seguir seus sonhos profissionais sem se vender. Não trair seus princípios e valores em busca de uma falsa ascensão profissional. Ser autêntico, não importa que a moda em nossa sociedade diga que isso é ridículo!
            Eu tirei essas lições e fiz uma reflexão sobre meu trabalho e meus ideais. Cheguei à conclusão que sigo pobre e até com mais dívidas do que alguns anos atrás. Mas sou orgulhoso de ter escrito e construído coisas sem pedir a “benção” de ninguém. Também é valoroso saber que nunca precisei mudar minha “identidade” para ser aceito nessa sociedade, tudo que fiz, disse e pensei, fiz com o coração e com meus ideais, mesmo que isso implique ser olhado como um “á margem”. No entanto, essa experiência é fascinante, porque quando se conquista algo, sabe que é de verdade e isso faz com que o trabalho seja feito com paixão, não por meros símbolos de status. Outra coisa interessante é que com o tempo passa-se a perceber quem é quem nesse jogo. De fato, eu adquiri bons colegas e amigos de trabalho nesses anos e pude também perceber o quanto de traíra existe à nossa volta.
            O que saliento é que por mais complicada que seja a estrada é necessário segui-la de forma honesta, principalmente consigo mesmo.
            Como disse o jornalista Antonio Carlos Monteiro, da Roadie Crew: “O que vale a pena nessa vida, no fim das contas, é ser correto, sincero, honesto e ético. É por isso que o Anvil, mesmo depois de trinta anos está experimentando o merecido sucesso.”.
            Agora, o Anvil colhe esses frutos. A banda é convidada desde o ano passado para diversos festivais nos EUA e Europa e o novo disco This is Thirteen, saiu por uma major. Enfim, a banda não é uma unanimidade (até porque como diria Nelson Rodrigues a ‘unanimidade é burra’), mas é um dos grupos mais importantes do final dos anos 70 e começo dos 80. Muito do que conhecemos hoje no metal se deu a grupos como Anvil, Exciter, Diamond Head, Venom e Raven, por exemplo, portanto é muito bom saber que por mais árdua que tenha sido a carreira desses gringos, agora eles, finalmente, conseguiram seu lugar ao sol.

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