Com mais de sete anos como repórter do jornal Folha do Sul, publiquei algumas reportagens que merecem ser guardadas neste humilde espaço. Textos que registraram aspectos históricos da cidade; fatos que, ainda hoje, trazem repercussão e, principalmente, ganham nova luz quando revistos no tempo presente. Além disso, o ofício jornalístico faz com que as fontes, possam também ser reconhecidas como personagens "destaque", atores sociais que comprovam com seus atos, obras e discursos, a rica trajetória da cidade, bem como da região da Campanha, tanto para o Rio Grande do Sul quanto para o Brasil.
Para iniciar, que tal recordar do eclipse solar de 1966? Fato marcante que fez com que a cidade de Bagé recebesse a visita de cientistas de diversos países. Em 7 de novembro de 2012, publiquei matéria especial sobre esse fato, visto que na época, a Universidade Federal do Pampa faria uma exposição sobre o acontecido. Isso antes da instituição de ensino ter o planetário, um diferencial de nossa cidade. Dessa forma, vamos ao texto de 2012:
Exposição resgata fato histórico que ocorreu em Bagé nos anos 60
"Na metade da década de 60, um fato alterou a rotina da Rainha da Fronteira: o desembarque de cientistas de vários países que vieram observar um eclipse solar em Bagé. Isso porque o fenômeno, propagado como o último eclipse solar visto no continente sul americano no século XX, teve o município como um dos melhores locais para observar o acontecimento. O eclipse do sol pela lua ocorre de acordo com a distância da lua à terra durante o evento. Quando a Terra intercepta a porção da umbra da sombra da lua, ocorre um eclipse total do sol. Foi o que aconteceu em Bagé no dia 12 de novembro de 1966. O fato histórico motivou uma exposição que será apresentada de 12 a 23 de novembro na Casa de Cultura Pedro Wayne. Intitulada “Um Eclipse na História de Bagé", a exposição conta um pouco sobre a história do evento e discute a ciência por trás dos eclipses. A exposição integra o programa de extensão “Astronomia para Todos” da Universidade Federal do Pampa, coordenado pelo professor Guilherme Marranghello, em parceria com a Casa de Cultura Pedro Wayne e a Secretaria Municipal da Cultura.
Marranghello conta que a ideia surgiu porque desde o ano de 2009, ele trabalha com divulgação de ciências, especialmente da astronomia, em projetos financiados pela Unipampa, MEC e CNPq. “Recebi um material sobre este eclipse e, conversando com um colega historiador, o professor Alessandro Bica, resolvemos fazer uma busca maior no arquivo público.Veio então a proposta de organizarmos uma exposição”, relata. O professor informa à reportagem do jornal FOLHA do SUL, que a exposição contará com recortes dos jornais da época que trouxeram as notícias sobre o evento. “Também teremos na exposição algum material sobre a história da década de 60 e, é claro, algum conteúdo de astronomia”, ressalta Marranghello, explicando que o material que foi achado no Arquivo Público Municipal mostra uma série de eventos festivos para recepcionar os cientistas brasileiros e estrangeiros que aqui vieram, incluindo manifestações da cultura gaúcha. “Em contato com um dos pesquisadores que vieram até Bagé, o professor Pierre Kaufmann, este também se manifestou dizendo que a população bageense foi muito acolhedora”, comenta o professor.
Fatos curiosos
Perguntado se ocorreu algum fato curioso no dia do eclipse solar e que tenha repercutido na cidade, Marranghello destaca que foram tantos os fatos curiosos que não deu para incluí-los todos na exposição. “Como o eclipse obscureceu os céus de Bagé durante algum tempo, foi possível ver as galinhas se recolhendo ao seu galinheiro. Algumas pessoas, com medo daquele evento, se puseram a rezar, entre outros fatos pitorescos”, afirma.
O eclipse solar em Bagé foi um fato de grande importância para a ciência, garante o professor da Unipampa. “As pesquisas realizadas, por exemplo, pelo Kaufmann, foram esclarecedoras para compreender melhor alguns componentes da radiação proveniente do sol. Assim como as pesquisas conduzidas por pesquisadores brasileiros, as pesquisas estrangeiras também geraram novos conhecimentos, principalmente sobre o sol. Este evento também proporcionou um contato maior entre a comunidade bageense e temas ligados à astronomia, o que acaba instigando jovens à carreira científica e aos estudos de forma geral”.
Fenômenos como este são vistos, em sua totalidade, em uma faixa muito estreita do planeta, esclarece o professor. Não existe uma região ou local boa para ver todos os eclipses. Em 1966 por determinadas circunstâncias, o município de Bagé era a principal localização para observar o eclipse solar".
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